Gente

É manhã. O sol brilha na cidade do Porto. Estamos em Fevereiro mas não faz frio. Entro no café. Cheira a tabaco, a vida e, é claro, a café! É estranha a forma como estimo esta fusão de odores. Vou bebendo o meu café com leite enquanto observo as pessoas. Um polícia. Um jovem pede indicações a um velhote, que lhe indica o caminho fazendo gestos com o jornal. Um senhor com ar distinto caminha segurando o guarda-chuva. Vejo a forma como as pessoas caminham apressadas, todas têm urgência em chegar a algum lado, todas têm um sitio onde têm de estar, mas eu não. Vejo mendigos, incomoda-me ver estas pessoas chegarem ao ponto de terem de viver na rua, sem saber quando será a próxima refeição ou banho quente. Uma velhota senta-se na mesa do lado, comenta “ Estas coisas modernas estão cada vez mais desconfortáveis!”, refere-se às cadeiras. Realmente, doem-me as costas. Concordo, acenando com a cabeça e o que poderia ter sido uma conversa morre ali. Tenho dificuldade em falar com a gente do Norte, não que não sejam pessoas simpáticas e acolhedoras, mas há uma certa rudeza nas suas palavras que me intimida.